REDUZINDO O CUSTO DA ENERGIA EM GRANDES CONSUMIDORES
A consciência que existe escassez de energia no mundo, enfim parece ter chegado ao Brasil, nosso país “abençoado por deus e rico por natureza”.
Ao contrário do que ocorre no resto do mundo, onde a muito tempo se tem a consciência que os recursos naturais são finitos, tivemos que passar por um racionamento em 2001 (primeiro susto) e depois por um aumento de aproximadamente 50% nas tarifas de energia em 2015 (segundo susto), para que houvesse uma sensibilização por aqui.
A partir deste fato, começaram a intensificar iniciativas em prol da racionalização do uso da energia, seja através de investimentos em equipamentos “econômicos”, seja pela implantação de sistemas de gestão de energia, solução esta, empregada normalmente em grandes consumidores de energia.
Para que possamos entender a distância do Brasil em relação a Alemanha por exemplo, em termos de iniciativas em prol do uso eficiente da energia, cito o número de certificações na norma ISO 50001 atualmente nestes dois países: mais de 2000 na Alemanha contra menos de 50 no Brasil.
A implantação desta norma é a solução para se eliminar de vez as tentativas de redução de custos através de campanhas e projetos temporários que comprovadamente não perpetuam as economias nas corporações.
Uma dos pontos de destaque e principal razão que a implantação desta norma traz para as empresas, é a introdução sistemática de um controle da operação e manutenção voltados para o uso adequado da energia. Esta ação, por mais simples que possa parecer, é a grande responsável por economias significativas que podem chegar a 20% dos custos com energia sem realização de investimentos.
Como implantar esta ferramenta? Quais são os passos para se conseguir esta solução? Veja abaixo uma sequência para implantação:
PRIMEIRO PASSO - A implantação deste controle eficaz se inicia pela definição dos USE (usuários significativos de energia) que são aquelas instalações ou equipamentos responsáveis por uma parte substancial do consumo de energia da corporação.
SEGUNDO PASSO - Em uma segunda etapa define-se as variáveis relevantes, ou seja, os parâmetros operacionais críticos que influenciam direta ou indiretamente o desempenho energético do equipamento ou instalação. A atividade de definir estas variáveis de forma correta e a determinação dos pontos ótimos de operação, são o grande segredo da otimização do desempenho energético.
TERCEIRO PASSO - Para que o controle se perpetue dentro de um sistema de gestão, é indispensável a realização de treinamento adequado dos operadores e mantenedores do equipamento / instalação.
QUARTO PASSO - A definição de IDEs (indicadores de desempenho energético) completam a implantação do controle operacional e permite avaliar em intervalos definidos, o desempenho do processo e implantação de ações corretivas, quando necessário.
A implantação deste sistema é muito facilitada quando a corporação utiliza uma plataforma informatizada. Entre outras vantagens, ela permite a utilização em tempo real de informações importantes para a gestão e cria uma base de dados para um planejamento adequado.
Uma mudança de comportamento das pessoas com relação ao trato com a energia é de fundamental importância para que cheguemos no nível dos países desenvolvidos.
E você, já economizou hoje?
(Sobre o autor: Sérgio Grassi é Engenheiro Eletricista com mais de 35 anos de experiência junto a grandes consumidores de energia, sócio proprietário da A&GM Consultoria e Projetos, membro da CE-116 da ABNT e Câmara de Óleo e Gás e Energias Renováveis da FIEMG.)
A FAMILIA DE NORMAS ISO 50001
A norma ISO 50001 foi publicada em 2011 e se tornou ao longo do tempo um grande sucesso, atestado pelas milhares de empresas certificadas no mundo deste esta data.
Na trilha da importância que o assunto energia vem tomando nos últimos anos, seja pela escassez, alto custo ou impacto direto no aquecimento global, o Project Committee Energy Management (ISO PC/242) vem trabalhando com outras normas da “família ISO 50.001”, que estão sendo lançadas ou estão com processo em curso.
São elas:
ISO 50002 – Trata dos assuntos relacionados com os diagnósticos energéticos e foi publicada pela ABNT em 2014 (ABNT NBR ISO 50002:2014 – Diagnósticos energéticos – Requisitos com orientação para uso).
ISO 50003 – Trata dos assuntos relacionados com os requisitos dos órgãos de certificação. Esta norma foi publicada pela ISO (ISO 50003:2014).
Energy management systems - Requirements for bodies providing auditand certification of energy management systems) e está em processo de consulta nacional pela ABNT.
ISO 50004 – É um guia de implantação da ISO 50001 e foi publicada recentemente no Brasil (ABNT NBR ISO 50004:2016 – Sistemas de gestão de energia – Guia para implementação, manutenção e melhoria de um sistema de gestão de energia).
ISO 50006 – Está relacionada à medição de desempenho energético de processos e também foi publicada recentemente no Brasil (ABNT NBR ISO 50006 – Sistemas de gestão de energia – Medição de desempenho energético utilizando linhas de base energética (LBE) e indicadores de desempenho energético (IDE) – Princípios gerais e orientações).
ISO 50007 – Trata das atividades relacionadas a serviços de Energia e está sendo desenvolvida pelo comitê ISO/TC 242 (ISO/DIS 50007- Activities relating to energy services -- Guidelines for theassessment and improvement of the service to users)
ISO 50008 – Está relacionada à gestão de energia em prédios comerciais e atualmente se encontra em fase de desenvolvimento pela ISO (ISO/AWI 50008 – Commercial building energy data management for energy performance -- Guidance for a systemic data exchange approach)
ISO 50015 – Norma publicada pela ISO em 2014 e trata de assuntos relacionados à medição e verificação, assunto sempre muito polêmico na gestão de energia e contratação de serviços na modalidade ESCO. Vide ISO 50015:2014 - Energy management systems -- Measurement and verification of energy performance of organizations -- General principles and guidance.
Se você está de alguma forma envolvido com um Sistema de Gestão de Energia baseado na norma ISO 50001, a utilização das normas acima certamente agregará valor ao seu trabalho.
Sobre o autor: Sérgio Grassi é Engenheiro Eletricista com mais de 35 anos de experiência junto a grandes consumidores de energia, sócio proprietário da A&GM Consultoria e Projetos, membro da CE-116 da ABNT e Câmara de Óleo e Gás e Energias Renováveis da FIEMG.